domingo, 23 de novembro de 2025

Acorrentada dentro de mim

Minha prisão é invisível

mas me aperta por dentro

Não são grades de ferro

são músculos falhando

são pernas que me seguram

como algemas que ninguém vê


Não tenho um metro quadrado

Tenho um corpo que virou cela

E eu não consigo levantar e sair 

nada em mim se abre como porta

nada em mim responde quando peço

Cada gesto depende de alguém

como se até o ar precisasse ser 

emprestado


Minhas pernas me prendem

Minha alma… essa se rasgou

E eu olho para mim sem saber

o que ainda sou

o que sobrou

em que parte da pele ainda resisto


Eu só sei que estou aqui

presa no que não escolhi

gritando em silêncio

para que o mundo entenda

que existir assim

é dor demais para um corpo só

 

                                  Gaby Kraft

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Minha prisão invisível


 Os primeiros passos que aprendi,

a primeira liberdade que eu senti do ir e vir,

hoje não me cabe mais,

porque eu estou acorrentada dentro do meu corpo,

e essa prisão é pequena, crua, sufocante.

As coisas perderam o brilho;

eu não vejo mais a beleza.


Quando olho o sol e o mar,

eu me sinto livre — mas só por um instante.

No segundo seguinte, já estou acorrentada,

porque eu não posso sentir a areia nos meus pés,

nem as ondas me abraçarem.

Sou grata por ainda enxergar,

mas a dor é brutal de não poder mais sentir.


De não poder ver o meu corpo se movimentar,

de não acompanhar o ritmo,

de não ser feliz pelas coisas mais simples,

como respirar.

Eu me sinto sufocada, a dor aperta,

e a falta de entendimento é como um punhal

gravado no meu peito todos os dias.


Acordar e ver que ainda estou aqui

é uma tortura, uma prisão perpétua

que não me deixa sair.

Por mais que eu cumpra com resiliência

essa sentença que não escolhi,

eu acordo todos os dias

e vejo que ainda estou aqui.


Essa dor sangra,

mas é um sangue sem textura.

Não dá para enxergar,

não dá para tocar.

Mas me rasga

e me fere todos os dias.

Só é sentido por mim


                              Gaby kraft

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Mil pedaços


 Mil pedaços


Carrego em mim

pequenos cacos 

bordas afiadas de histórias

que não couberam no tempo


Eles dormem em silêncio

mas às vezes, cortam

Outras vezes

me moldam


A dor não tem nome

Ela grita no corpo

e se cala na alma

como se esconder fosse forma de existir


Quero juntar esses pedaços

não para ser inteira

mas para me reconhecer

até nas partes que doem


Porque sou feita disso

de fragmentos

de sobrevivências

de marcas que não se veem

mas gritam mais alto

do que qualquer palavra


                                    Gaby Kraft

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Dominante ou dominado?


 Palavras no início inocentes

Começaram a queimar 

Desejos inconsequentes 

Por um momento me deixei dominar 


Minha pele arrepia com teu hálito quente 

Tuas mãos percorrendo um caminho sinuoso 

 Teus sussurros entram em mim como entorpecente

Teu olhar misterioso me faz lembrar quanto és perigoso 


Tarde demais para recuar

Última chance 

Ou me dominas

Ou preso em minhas vontades estarás 


Misto de imponência  de alfa

Com sorriso  doce, nada inocente

Me rende e faz das tuas as minhas vontades


Tarde demais

Faz dessa fera tua presa

Me doma me enlaça

E por esses breves momentos 

Sou tua, me rendo



                            Gaby Kraft