domingo, 23 de novembro de 2025

Acorrentada dentro de mim

Minha prisão é invisível

mas me aperta por dentro

Não são grades de ferro

são músculos falhando

são pernas que me seguram

como algemas que ninguém vê


Não tenho um metro quadrado

Tenho um corpo que virou cela

E eu não consigo levantar e sair 

nada em mim se abre como porta

nada em mim responde quando peço

Cada gesto depende de alguém

como se até o ar precisasse ser 

emprestado


Minhas pernas me prendem

Minha alma… essa se rasgou

E eu olho para mim sem saber

o que ainda sou

o que sobrou

em que parte da pele ainda resisto


Eu só sei que estou aqui

presa no que não escolhi

gritando em silêncio

para que o mundo entenda

que existir assim

é dor demais para um corpo só

 

                                  Gaby Kraft

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