Os primeiros passos que aprendi,
a primeira liberdade que eu senti do ir e vir,
hoje não me cabe mais,
porque eu estou acorrentada dentro do meu corpo,
e essa prisão é pequena, crua, sufocante.
As coisas perderam o brilho;
eu não vejo mais a beleza.
Quando olho o sol e o mar,
eu me sinto livre — mas só por um instante.
No segundo seguinte, já estou acorrentada,
porque eu não posso sentir a areia nos meus pés,
nem as ondas me abraçarem.
Sou grata por ainda enxergar,
mas a dor é brutal de não poder mais sentir.
De não poder ver o meu corpo se movimentar,
de não acompanhar o ritmo,
de não ser feliz pelas coisas mais simples,
como respirar.
Eu me sinto sufocada, a dor aperta,
e a falta de entendimento é como um punhal
gravado no meu peito todos os dias.
Acordar e ver que ainda estou aqui
é uma tortura, uma prisão perpétua
que não me deixa sair.
Por mais que eu cumpra com resiliência
essa sentença que não escolhi,
eu acordo todos os dias
e vejo que ainda estou aqui.
Essa dor sangra,
mas é um sangue sem textura.
Não dá para enxergar,
não dá para tocar.
Mas me rasga
e me fere todos os dias.
Só é sentido por mim
Gaby kraft


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