sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Minha prisão invisível


 Os primeiros passos que aprendi,

a primeira liberdade que eu senti do ir e vir,

hoje não me cabe mais,

porque eu estou acorrentada dentro do meu corpo,

e essa prisão é pequena, crua, sufocante.

As coisas perderam o brilho;

eu não vejo mais a beleza.


Quando olho o sol e o mar,

eu me sinto livre — mas só por um instante.

No segundo seguinte, já estou acorrentada,

porque eu não posso sentir a areia nos meus pés,

nem as ondas me abraçarem.

Sou grata por ainda enxergar,

mas a dor é brutal de não poder mais sentir.


De não poder ver o meu corpo se movimentar,

de não acompanhar o ritmo,

de não ser feliz pelas coisas mais simples,

como respirar.

Eu me sinto sufocada, a dor aperta,

e a falta de entendimento é como um punhal

gravado no meu peito todos os dias.


Acordar e ver que ainda estou aqui

é uma tortura, uma prisão perpétua

que não me deixa sair.

Por mais que eu cumpra com resiliência

essa sentença que não escolhi,

eu acordo todos os dias

e vejo que ainda estou aqui.


Essa dor sangra,

mas é um sangue sem textura.

Não dá para enxergar,

não dá para tocar.

Mas me rasga

e me fere todos os dias.

Só é sentido por mim


                              Gaby kraft